Todos conhecem o Brasil como o país do futebol, do samba e das paisagens paradisíacas. De fato, é inegável que esses tópicos contam muito da cultura do nosso país, mas você já parou pra pensar no quão diversificada é a história da arquitetura brasileira? Com influência indígena, africana e dos colonizadores europeus, ela também é exemplo do movimento Modernista mundial. Mas como tudo começou?
O desenvolvimento da arquitetura e do urbanismo brasileiro começou em 1530 com o impulso das capitanias hereditárias, que estabeleceu um grande número de cidades pelo território brasileiro. Elas impulsionaram o crescimento das vilas, que aos poucos se transformaram em províncias, e, mais tarde, constituíram alguns estados brasileiros. Foi durante a proliferação das capitanias hereditárias que surgiram muitas igrejas, edifícios públicos, palácios e residências, tanto na área urbana quanto na área rural.
De todas as cidades brasileiras, São Paulo é a que melhor exemplifica a transformação arquitetônica do país. Pequenas construções de terra batida foram substituídas por edifícios de tijolos. Mais tarde, a capital paulista também aderiu ao Modernismo e hoje reúne em suas ruas exemplos da arquitetura contemporânea.
Mas nada supera Brasília. Indiscutivelmente, a Capital Federal é o maior destaque da história da arquitetura brasileira no século XX. No entanto, até chegar às curvas de Niemeyer muita coisa aconteceu (e continua acontecendo). A seguir, selecionamos sete marcos da história da arquitetura barsileira que você precisa conhecer.
1. Ocas e malocas
Também conhecida como arquitetura vernacular, a arquitetura indígena no Brasil era adepta de materiais vegetais, como madeira, barro e diferentes tipos de folhas. As casas dos índios eram construídas com base em estruturas de madeira, que são conectadas umas às outras por meio de sistemas de encaixe. Para fazer o fechamento, são utilizadas folhas, fibras e cipós.
As principais construções foram encontradas nas aldeias, com as chamadas malocas, que consistem em residências coletivas, onde grande parte da tribo mora. Já as conhecidas ocas são casas individuais, geralmente pertencentes a pessoas de alta hierarquia indígena, como o Pagé.
As habitações indígenas influenciaram a produção arquitetônica brasileira contemporânea de diversas formas, desde uso de técnicas construtivas que são passadas entre gerações (como as casas de pau a pique), até releituras das formas das ocas e malocas para proporcionar conforto térmico e praticidade estrutural. Um bom exemplo atual desta arquitetura é o Parque Indígena do Xingu, no Mato Grosso.
2. Igreja Nossa Senhora do Carmo, em Ouro Preto
A arquitetura colonial no Brasil se desenvolveu entre os anos de 1530 e 1830. Começou com a chegada dos portugueses no país e atingiu seu ápice na Proclamação da Independência, em 1822. A arquitetura residencial nos centros das vilas e cidades do Brasil colônia se caracterizava por um padrão uniforme de número de pavimentos, fenestração, área e gabarito, muitas vezes definidos a partir das Cartas Régias ou posturas municipais, de modo a garantir uma aparência portuguesa às vilas e cidades brasileiras. As casas costumavam ter de um a três pavimentos. Varanda, colunas, beirais e telhas de barro são características típicas das construções coloniais, assim como suas igrejas católicas.
Algumas cidades como Salvador, na Bahia, São Luís, no Maranhão, e São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul, são exemplos de lugares que mantêm a arquitetura da época colonial. A Igreja Nossa Senhora do Carmo, em Ouro Preto, é uma construção símbolo da época colonial. Teve seu projeto inicial feito pelo pai de Aleijadinho, o arquiteto e carpinteiro português Manuel Francisco Lisboa. A obra teve início em 1756 e só foi concluída em 1780. Nela, observa-se a predominância do estilo rococó, com suas curvas e entalhes em pedra sabão.
3. Pelourinho, em Salvador
Dentro do período da arquitetura colonial, observamos a predominância do estilo barroco em suas construções, principalmente no estado de Minas Gerais. A arquitetura barroca era marcada pela exaltação à fé católica, muitos elementos decorativos tem o nome do escultor Aleijadinho como referência. O maior acervo barroco do Brasil está em cidades como Ouro Preto, Diamantina, São João Del Rey, Mariana, Sabará e Congonhas.
Em Salvador, na Bahia, o Pelourinho também é referência histórica quando se fala no estilo barroco brasileiro. Criado em 1549 pelo então governador geral do Brasil, Tomé de Souza, que escolheu o local por sua posição estratégica, no alto e com uma muralha como barreira a quem chegasse no porto, ele apresenta casas no estilo e igrejas adornadas em ouro, sendo a principal delas a Igreja e Convento de São Francisco.
4. Museu Imperial, em Petrópolis
O estilo Neoclássico se desenvolveu no Brasil durante todo o século XIX. Ele é visto com frequência em palácios, prédios e outras construções oficiais. As edificações neoclássicas brasileiras apresentavam plantas simplificadas, eram simétricas, com porão alto, platibandas, cornijas e, às vezes, até frontões. Geralmente em cores suaves, tinham paredes erguidas com processos técnicos avançados. As mais nobres eram revestidas com mármore, ou com pinturas a óleo e as janelas e portas eram envidraçadas.
O Museu Imperial de Petrópolis, inicialmente construído para ser o Palácio de Verão de Dom Pedro II, possui arquitetura no estilo neoclássico, com suas janelas simétricas, platibanda por toda a construção e também cornijas em toda sua fachada. Além de eventos em andamento, exposições e programas educacionais, há aproximadamente 300.000 itens museológicos, de arquivo e bibliográficos disponíveis para pesquisadores e demais interessados em aprender sobre a história do Brasil.
5. Teatro Municipal do Rio de Janeiro
Símbolo da arquitetura eclética no Brasil, o Teatro Municipal do Rio de Janeiro traduz bem a mistura de estilos arquitetônicos feita com o intuito de experimentação, para criar uma nova linguagem. Fruto da Revolução Industrial, com materiais como aço, vidro e ferro forjado sendo produzidos em grande escala, a arquitetura eclética surgiu graças à Escola de Belas-Artes de Paris (École des Beaux Arts). Foi lá que as primeiras disciplinas que abordavam o ecletismo na arquitetura surgiram.
No Brasil, a arquitetura eclética surgiu como desdobramento do academicismo e, assim, contou com o rigor formal de suas construções, representada, em muitos momentos, pela arquitetura neoclássica. O Teatro Municipal do Rio de Janeiro teve projeto do arquiteto Francisco Oliveira Passos e colaboração de Charles Garnier, arquiteto responsável pela Ópera de Paris. Em sua arquitetura observa-se as influências dos estilo barroco, rococó, neoclássico e clássico.
6. Brasília
A arquitetura moderna surgiu no século XX como um contraponto à arquitetura da época — mais refinada e excessivamente decorada. Com a criação da escola Bauhaus, por iniciativa do arquiteto alemão Walter Gropius, iniciou-se uma nova fase da arquitetura: mais limpa, funcional e minimalista. No Brasil, foi o Modernismo que traduziu esta tendência escultural da arquitetura, principalmente em Brasília, pelas mãos de Niemeyer e Lúcio Costa. Nela, observa-se as curvas, o uso do concreto armado e um projeto urbanístico que favorece o convívio das pessoas, por meio das chamadas superquadras e do máximo de seis andares para as construções, o que garante a linha de visada da cidade.
7. Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro
A construção assinada pelo espanhol Santiago Calatrava causou polêmica por sua arquitetura contemporânea e muitos chegaram a questionar a sua estética. Inspirada nas bromélias do Jardim Botânico, sua forma longilínea avança pelo mar propositalmente, a fim de preservar a linha de visada do seu entorno. Outra característica marcante é a sustentabilidade. O edifício possui painéis solares e favorece a circulação natural de ar. Além disso, possui reservatórios que armazenam a água do mar e a utilizam no espelho dágua que circula o edifício e também no sistema de ar condicionado.
Gostou de conhecer um pouco mais a história da arquitetura brasileira? Conta pra gente nos comentários!