.A arquitetura é criada, ‘inventada de novo’, por cada homem que anda nela, que percorre o espaço, subindo as escadas, ou descansando sobre um guarda-corpo, levantando a cabeça para olhar, abrir, fechar uma porta, sentar-se ou levantar-se e ter um contato íntimo e ao mesmo tempo criar ‘formas’ no espaço; o ritual primitivo do qual surgiu a dança, primeira expressão do que viria a ser a arte dramática. Este contato íntimo, ardente, que era outrora percebido pelo homem, é hoje esquecido. A rotina e os lugares comuns fizeram o homem esquecer a beleza de seu ‘mover-se no espaço’, de seu movimento consciente, dos mínimos gestos, da menor atitude.” — Lina Bo Bardi
“Há um gosto de vitória e encanto na condição de ser simples. Não é preciso muito para ser muito”. O retorno ao simples e essencial é a marca registrada de Lina Bo Bardi. Nascida em Roma, no dia 5 de dezembro de 1914, a arquiteta de naturalidade ítalo-brasileira é considerada uma das profissionais de maior importância da história do Brasil. Ela veio para cá em 1947 junto com o marido, Pietro Maria Bardi, fugindo da Segunda Guerra Mundial. No documentário “Lina Bo Bardi”, de Aurélio Michilis, ela afirma: “Reencontrei no Brasil a esperança das noites de guerra, estava feliz, aqui não tinha ruína”.
Lina estudou arquitetura na Faculdade de Arquitetura da Universidade de Roma. Ela enfrentou um momento difícil depois que seu escritório foi bombardeado durante a Segunda Guerra Mundial. “Em tempos de Guerra, um ano corresponde a cinquenta anos”.
Tem seu nome conhecido em grandes construções modernistas na capital paulista, dentre elas, obras como o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP, 1947), a Casa de Vidro (1951) projetada para ser sua residência e que atualmente abriga o Instituto Bardi e o Edifício Sesc Pompéia (1977).
MASP, 1947
Um marco na história da arquitetura do Século 20, se tornou ícone por ser o primeiro Museu Moderno do Brasil, também por ter o acervo de arte europeia mais importante do Hemisfério Sul. Como explica o museu em seu site: “O MASP, museu diverso, inclusivo e plural, tem a missão de estabelecer, de maneira crítica e criativa, diálogos entre passado e presente, culturas e territórios, a partir das artes visuais. Para tanto, deve ampliar, preservar, pesquisar e difundir seu acervo, bem como promover o encontro entre públicos e arte por meio de experiências transformadoras e acolhedoras”.
Lina Bo Bardi harmoniza superfícies ásperas e inacabadas com leveza, além de sua transparência e suspensão. Também foi criada uma espécie de praça pública, localizada na esplanada sob o edifício, denominada “Free Span”. Ela pensou até mesmo na forma em que as obras seriam expostas, em cavaletes de cristal, assim se pode ver a obra de ambos os ângulos, diferente do modelo tradicional europeu.
CASA DE VIDRO, 1951
Outro marco da arquitetura moderna brasileira, a Casa de Vidro foi o primeiro projeto da arquiteta Lina Bo Bardi e também sua moradia. Foi a primeira residência construída no bairro do Morumbi (em 1951, ano em que se naturalizou brasileira). A construção se situa em um dos pontos mais altos do território e é rodeada pela vegetação de Mata Atlântica.
Desde sua fundação foi o ponto de encontro de arquitetos, artistas e intelectuais. Hoje, a Casa de Vidro é sede do Instituto Bardi e continua sendo um espaço ativo de troca de conhecimento aberto ao público. O funcionamento do espaço visa dar continuidade às ideias e trabalhos de Lina Bo Bardi e Pietro Maria Bardi.
Primeiro rascunho da Casa de Vidro, desenhado por Lina Bo Bardi.
Elevação das fachadas laterais da Casa de Vidro.
Edifício Sesc Pompéia, 1986
Desde 2015 é patrimônio cultural protegido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Assinada por Lina Bo Bardi, a obra está entre as 25 mais significativas do pós-guerra. Ela foi selecionada porque os arquitetos preservaram a estrutura original da fábrica e se comprometeram a redefinir a estrutura industrial. Isso era uma novidade na época — o projeto começou em 1977, a construção começou em 1982 e foi inaugurado quatro anos depois, em 1986.
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