Arquitetura hostil: o desafio da inclusão na cidade
17 ABR 2021
• Arquitetura
Muito se fala em praças, jardins e construções abertas para todos, que recebam de braços abertos cidadãos das mais diversas classes sociais. O espaço público como o viver a cidade. Esta arquitetura inclusiva é uma forte tendência. Mas como toda tendência é acompanhada de uma contra tendência, surge um novo termo que vai de encontro a este comportamento: a arquitetura hostil. Mas o que significa uma arquitetura hostil? Gradis em volta de praças, espetos afiados em canteiros e qualquer elemento que impeça as pessoas de usarem estes espaços, principalmente os moradores de rua, podem ser considerados uma arquitetura hostil.
Segundo matéria publicada no site Casa Vogue, um dos maiores exemplos de arquitetura hostil aconteceu em São Paulo, quando a prefeitura instalou pedras pontiagudas embaixo de viadutos. O fato ganhou repercussão e as pedras foram retiradas. O Padre Júlio Lancelotti, conhecido por seu trabalho de caridade nas ruas da capital paulista, foi um dos que ajudaram os funcionários a retirar as pedras. “Eles colocaram pedras pontiagudas debaixo do viaduto alegando que era para evitar descarte de lixo, mas era para presença de pessoas em situação de rua”, disse o padre.
O Padre Júlio Lancelotti marreta as pedras colocadas debaixo dos viadutos de São Paulo que impediam o abrigo dos moradores de rua.
A matéria ainda ressalta o design exclusivo de bancos de praça. “A primeira ação que vi nesse sentido, por meio do design, quase 20 anos atrás, foi com bancos, que eram de concreto, retos, para quatro pessoas, e mudaram para um ondular. No cume, ele fica pontiagudo”, conta o arquiteto e urbanista Jorge Bassani, professor da faculdade de arquitetura da USP. “Fica muito claro o design no serviço da exclusão. A gente vê isso e a sociedade assimila de alguma forma e apoia”.
Em foto do site Archdaily, exemplo de banco com design que exclui os moradores de rua.
Onde mais nos deparamos com a arquitetura hostil?
Esta indústria do medo também se aplica a outra situações. Calçadas estreitas, com muros revestidos de plantas espinhosas ou cacos de vidro são, igualmente, exemplos de uma arquitetura hostil. Grades e cercas elétricas também estão incluídas neste pacote. Assim, na próxima vez que estiver andando pelas ruas de sua cidade, reflita: como a arquitetura hostil está se manifestando nela?
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